Cérides, também conhecidas como ceras, surgem da união de um ácido graxo de cadeia longa (14 a 36 átomos de carbono) com um monoálcool, também de cadeia longa (16 a 30 átomos de carbono), por meio de um ligação éster. O resultado é uma molécula totalmente apolar, muito hidrofóbica, já que nenhuma carga aparece e sua estrutura é de tamanho considerável.
Esta característica permite que a função típica das ceras seja a de impermeabilização. A camada de folhas jovens, frutos, flores ou pétalas, e os tegumentos de muitos animais, cabelos ou penas, são cobertos por uma camada cerosa para evitar a perda ou entrada (em pequenos animais) de água.
Os fosfolipídios são um grande grupo de moléculas com C, H, O, N e P em comum. São formados por um álcool, ao qual estão ligados, por ligação éster, ácidos graxos e ácido fosfórico, que lhes dá o nome. Neste esqueleto molecular básico podemos considerar algumas variações que dão origem aos grupos fosfolipídios de maior interesse biológico: fosfoacilglicerídeos e fosfoesfingolipídios.
Os fosfoacilglicerídeos são compostos de glicerol, dois dos quais grupos -OH (hidroxila) estão ligados a dois ácidos graxos por meio de ligações de éster individuais. O terceiro está relacionado ao grupo fosfato, também por meio de uma ligação éster, que neste caso é comumente referida como a "ligação fosfoéster". Este núcleo molecular constitui o ácido fosfatídico. Por sua vez, outra molécula pode se ligar ao fosfato (podemos representá-la por X), que determina os diferentes grupos de fosfoacilglicerídeos. Entre os mais importantes estão:
- Lecitinas, se X for o aminoálcool colina. São muito abundantes na gema de ovo, onde são obtidos para fins cosméticos e dietéticos.
- Encefalinas, se X for o aminoálcool etanolamina ou o aminoácido serina. Eles são abundantes no cérebro, onde foram obtidos pela primeira vez, mas também existem em outros órgãos, como o fígado.
- As cardiolipinas, se X for o álcool glicerol, por sua vez, se ligam a outro ácido fosfórico e a um diglicerídeo. A molécula é, portanto, simétrica. Eles abundam no músculo cardíaco.
Dentro de cada grupo, por sua vez, existem diferentes tipos dependendo de quais são os ácidos graxos específicos (geralmente um saturado e outro insaturado), o que expande ainda mais a variedade de moléculas.
Os fosfoesfingolípidos são constituídos por álcool esfingosina em vez de glicerol. A esfingosina é um aminoálcool de cadeia longa, ao qual se liga um ácido graxo, formando um composto denominado ceramida, que é o núcleo central desse e de outros grupos de lipídeos. Portanto, pode-se dizer que são constituídos por ceramida e ácido fosfórico. Os mais importantes são as esfingomielinas, compostas por ceramida, fósforo e colina. Eles formam as bainhas de mielina dos neurônios.